Esse entusiasmo é fácil de entender. No início dos anos 2000, o Institute of Medicine (IOM) e o Institute for Health Improvement (IHI) nos EUA definiram de forma muito clara e objetiva quais seriam os requisitos de qualidade para qualquer instituição de saúde e para o sistema de saúde como um todo. As "Seis Dimensões do Cuidado" demarcam claramente o que sociedade como um todo espera do sistema de saúde: Uma Assistência à Saúde Segura; Eficaz; Centrada no Paciente; Eficiente; Ágil; e Justa.
Ao aplicarmos os conceitos fundamentais da mentalidade enxuta, vamos diretamente de encontro a esses requisitos. Os "Fundamentos da Mentalidade Enxuta" são: identificar o valor para o cliente; analisar o fluxo de valor e eliminar desperdício nos processos; criar o fluxo contínuo; criar a produção puxada integrando todas as partes da cadeia de valor; e buscar a perfeição.
Misturando os conceitos: as "Seis Dimensões do Cuidado" e os "Cinco Princípios Lean":
- Segurança. O sistema de saúde sofre profundamente com a falta de segurança: os processos desorganizados e com interrupções constantes; fragmentações e inconsistências no manejo das informações colocam milhões de pessoas em risco e milhares são vitimas de erros e complicações evitáveis. Ao "identificar e mapear o fluxo de valor" sob a perspectiva do cliente, a mentalidade enxuta pretende criar um processo perfeito, livre de erro, reduzindo drasticamente seus riscos. Todas as "ferramentas enxutas" foram desenvolvidas para buscar essa "perfeição no processo": eliminar os desperdícios de maneira incansável (sendo que os desperdícios associados a "defeito" ou "retrabalho" podem custar vidas no sistema de saúde). O conceito de "jidoka" (que significa "introduzir inteligência na máquina" – usando ferramentas para solução de problemas) é um dos pilares da mentalidade enxuta na busca da perfeição (do processo livre de erro e desperdício).
- Eficácia. O foco no que é "valor do ponto de vista do cliente" e o "jidoka" definem qual a taxa de eficácia (a "perfeição") esperada em cada processo e dentro do sistema como um todo. A eficácia emerge da padronização e da melhoria contínua, ambos são fundamentos da mentalidade enxuta. Devemos oferecer o "tratamento correto ao paciente certo no momento certo"!
- Centrado no Paciente. O fluxo de valor tem como foco o próprio paciente, e os processos e sistemas são desenhados identificando qual é a trajetória do cliente no processo, focando nas suas necessidades e expectativas dentro de cada etapa; criando um fluxo contínuo e suave na trajetória do cliente pelo processo. A mentalidade enxuta é centrada no paciente por definição.
- Eficiente. Processos enxutos são mais eficientes. O foco na separação do que é "valor" do que é "desperdício"; na implantação de sistemas mais seguros (mais inteligentes) aumentam muito a eficiência do processo reduzindo as taxas de erro (e riscos); o tempo de processamento e aumentando a capacidade de produção do sistema, tornando-o mais eficiente.
- Agilidade. Processos mais seguros; livres de erro e desperdícios (associados à movimentação, por exemplo); e focados no que cria valor para o cliente são naturalmente mais ágeis, com um fluxo contínuo e livre de interrupções e esperas desnecessárias (processo puxado). A agilidade vem da eliminação do desperdício oculto em processos mal desenhados, inseguros e repletos de erros (riscos), defeitos e retrabalho.
- Justiça. Um tratamento justo significa oferecer assistência à saúde independente de raça, status social, econômico, geográfico ou religioso. A mentalidade enxuta, ao se comprometer a oferecer "tratamento correto ao paciente certo no momento certo", se compromete também com a justiça na assistência. Mais ainda, ao estar focada no significado do valor para o cliente, pode identificar variabilidades culturais, sociais ou econômicas e buscar a "experiência do cuidado perfeito" para todos.
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